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O psicólogo e o treinador: uma parceria que pode dar certo

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Autor: Dra. Louise Borba
Ilustração do artigo

Com o fim das Olimpíadas o que mais se ouviu no noticiário esportivo brasileiro foi: "faltou preparo psicológico para os nossos atletas!". Como já foi dito anteriormente, inclusive, nesta mesma seção de artigos escrita pela Drª Sâmia, o preparo psicológico não deve ser lembrado somente quando algo dá errado, mas sim, vir aliado à preparação técnica, tática e física, inserido em um contexto multidisciplinar. Entretanto, gostaria de focar este texto em um personagem tão importante nesta preparação quanto o atleta neste "palco" esportivo: o técnico.

 

A comissão técnica e o técnico, principalmente, também fazem parte do trabalho do psicólogo.O treinador é figura-central dentro de uma equipe esportiva e suas ações agem diretamente sobre os atletas, e no que se refere aos esportes individuais, onde essa relação é mais estreita é importante a construção da relação treinador- psicólogo que se faz imperativa durante trabalho e pode trazer bons frutos.

 

A figura do técnico no contexto esportivo é muito marcante já que, o "poder" sobre o atleta passa por ele. O técnico revela seu poder por meio de esquemas, os atletas procuram sempre escutar e fazer o que o técnico manda, trata-se de um poder disciplinar em forma de técnicas, dispositivos, métodos de controle do corpo e das vontades dos indivíduos, almejando docilidade e utilidade. Logo, consideramos e concebemos a figura do técnico como central no contexto competitivo do esporte e que, assim como os atletas, este personagem tem seus conflitos, suas angústias e suas alegrias expressadas durante a vida no esporte.

 

O treinador, de acordo com Serpa (2002), adquire uma multifuncionalidade , seja no esporte coletivo, seja no individual, pois sua posição abarca uma série de características inerentes à relação com os atletas e toda sua equipe multiprofissional, o que exige além do comando, uma sensibilidade para formar pessoas e lidar com elas. Neste sentido, Antonelli e Salvini (1978, apud Serpa, 2002) escrevem que a função do treinador exige:

 

Notáveis dotes de preparação e de personalidade (...) sua atividade ultrapassa os limites profissionais, implicando-o num vasto domínio de motivações, relações, participações e ressonâncias emocionais com profundas conseqüências no indivíduo, enquanto pessoa...

 

Dentre inúmeras pesquisas sobre o trabalho do psicólogo com treinadores, muitos cogitam um perfil ideal destes profissionais que viessem a promover bons desempenhos para suas equipes. Entretanto, embora pudessem distinguir tendências básicas de personalidade, essas pesquisas não apresentavam de modo claro as maneiras pelas quais o técnico deveria agir (Cratty,1984).

 

GOMES e CRUZ (2006) insinuam "uma saída" ao fazerem a análise do estilo de liderança e satisfação do atleta e verificando que as dimensões de liderança alcançaram resultados mais favoráveis nos esportes individuais. Com isso os resultados pesquisados neste artigo tendem à discussão de que os esportes individuais apresentam aspectos mais favoráveis na relação técnico - atleta do que os esportes coletivos, pois com a maior aproximação entre "comandante e comandados" aumenta a possibilidade do treinador ter maior conhecimento da especificidade de seus atletas, avaliando como cada um percebe, e prefere, a liderança exercida.

 

Com isso para que o psicólogo entre nessa relação treinador- atleta, é preciso que primeiramente, exista uma congruência entre a sensibilidade do treinador para a demanda de trabalho e disposição do psicólogo de se infiltrar na rotina da equipe como um todo, conhecendo esse sujeito treinador, tornando-se um auxiliador, complementando a compreensão do trabalho em equipe.

 

O psicólogo deve, de acordo com Leonhardt (2003), orientar o treinador a ser o maior motivador de sua equipe, melhorar a comunicação entre ele e seus atletas, obtendo deles uma compreensão de como jogar por resultados mais favoráveis. Além disso, a autora afirma que é importante que o psicólogo atente para que haja a percepção do atleta como indivíduo, auxiliando o treinador na busca de parceria com seus jogadores, valorizando suas opiniões.

 

Finalizando, entendemos que as seguintes reflexões devam ser consideradas no que tange ao trabalho do psicólogo atuando junto ao treinador em categorias de base: primeiramente é necessário que o psicólogo tenha pleno conhecimento do contexto e conjuntura esportivos em que se constituem a pessoa-treinador e a pessoa-atleta, pautando-se nessas variáveis para suas análises e, assim, abrir possibilidades para a criação de modos de intervir/interferir neste campo.

 

Faz-se imperativo, ainda, na construção da relação treinador- psicólogo, que o psicólogo conheça o processo sócio-histórico de construção da pessoa-treinador, para que este reavalie as conseqüências de sua atuação enquanto profissional e venha a apropriar-se do modo de fazer o seu próprio trabalho viabilizando, assim, a parceria com o psicólogo para uma intervenção mais efetiva e eficiente.


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