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Lactato sanguíneo e dor muscular tardia

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Autor: Prof. Fabiano Peres
Ilustração do artigo


      Após dois dias de uma sessão de treinamento, realizado de forma muito intensa, ou seja, acima do limite individual de cada atleta, pode ocorrer um fenômeno conhecido como dor muscular tardia.
      Segundo WEINECK (1991), os sintomas de dor muscular tardia são: musculatura inchada, dura, enrigecida, sensível ao ser tocada, dolorida a cada tentativa de movimentar e incapazes de grandes esforços. Mas afinal, qual é o mecanismo fisiológico que leva o aparecimento da dor muscular tardia?
      Durante muito tempo, acreditava-se que o principal causador seria o acúmulo de lactato no tecido muscular. Já a partir de 1983, grandes pesquisadores, demonstraram em diversos artigos científicos que esta era uma afirmativa falsa.
      Devido ao fato de toda vez que uma atividade física é realizada de forma muito intensa, ocorre o aumento da concentração de lactato (conhecida como acidose metabólica), por isso muitos pesquisadores associavam altas concentrações de lactato com as dores musculares pós treinamento mas, esta acidose metabólica desaparece completamente da musculatura cerca de 1 a 2 horas após o término das atividades ( concentração de lactato em repouso é cerca de 0,7 a 1,0 mmol/l) , independente da intensidade do treinamento.
      Um corredor de 400 metros por exemplo, em seus treinamentos diários (dentro do seu limite) ocorre um grande acúmulo de lactato (em média 15 mmol/l até 22 mmol/l), e não apresenta dores musculares pós treinamento.
      Existe um trabalho científico clássico que consegue explicar claramente a causa da dor muscular tardia:
      ARMSTRONG (1981), cita que um atleta altamente treinado realizou uma corrida em morro (inclinação de 10%), a uma intensidade de 60% da absorção máxima de O2 ( VO2 MÁX ) (concentração de lactato nesta intensidade é em média de 2 mmol/l - podendo variar para mais ou para menos), esta é uma intensidade considerada fraca para um atleta altamente treinado, onde o aumento siginificativo de lactato na musculatura não ocorre, pois na mesma velocidade que o lactato é produzido, ele é removido da musculatura ( isto se chama equilíbrio entre produção e remoção de lactato). Após o treinamento, este atleta apresentou fortíssimas dores musculares, em média 2 dias.
      Enquanto que o mesmo atleta, em uma outra sessão de treinamento, realizou uma corrida em um plano reto ( sem inclinação), a uma intensidade de 80% da absorção máxima de O2 ( VO2 MÁX) (concentração de lactato nesta intensidade é em média de 4 mmol/l - podendo variar para mais ou para menos), esta é uma intensidade onde a produção de lactato é maior que o processo de remoção do lactato, ou seja, a concentração de lactato nesta intensidade é maior ( em outras palavras, ocorre o início do desequilíbrio entre produção e remoção do lactato). E após o treinamento, o atleta não apresentou nenhum sintoma de dor muscular tardia.
      As conclusões que os autores chegaram, era que quando as fibras musculares sofrem uma exigência mecânica acima do seu limite ( corrida em um plano inclinado), elas ficam mais expostas a dor, pois, segundo FRIDEN et al (1981), a dor muscular tem como origem um microtraumatismo principalmente no tecido conjuntivo muscular, através do excesso de exigência muscular local, onde são induzidas alterações das estruturas musculares que levam a um grave prejuízo da função contrátil e são atingidas principalmente as Bandas "Z" (elas são o ponto mais fraco dentro do sarcômero.
      Em outros casos o mecanismo de formação da dor muscular tardia, surge também quando se aplica uma carga que não se está acostumada, por exemplo, um atleta de culturismo realizando treinamento de escalada.
      WEINECK ainda salienta que atletas altamente treinados, realizarem uma atividade que não estão acostumados mesmo que esta seja de baixa intensidade, são atingidas pelas dores musculares da mesma forma que pessoas não treinadas.
      Os autores concluem que, para evitar a dor muscular é aumentar cuidadosamente a carga de trabalho. Com isto a musculatura esquelética tem tempo para se adaptar de forma funcional às tensões que se formam.

      BIBLIOGRAFIA
      FRIDÉN, J., M. SJÖSTRÖM, B. EKBOLM: A Morphological study of delayed muscle soreness. Experientia 37 - 506, 1981.

      WEINECK, J. Biologia do Esporte. Ed. Manole, Rio de Janeiro, 1991.


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